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terça-feira, 21 de junho de 2011

Nossa Solidão, nossa espera

Luisa... nossa solidão, nossa espera.

Como se faz parar o tempo? Uma experiência lúdica para isso é assistir o espetáculo Luisa, um dos novos trabalhos da Cia Experimentus teatrais, que cada vez mais assume seus traços de maioridade artística. Luisa, a personagem, faz parar o tempo.
O tempo pode parar, ou não existir, quando o universo é pequeno e vazio. É assim o universo de Luisa, visto de fora. Nele encontramos espera e solidão, quase que tão somente. Porém, é aí que entra o talento e a maturidade da atriz. Com muita facilidade (traço indelével de uma direção segura), talvez numa frase, num olhar, a personagem nos carrega para dentro deste pequeno universo e lá dentro, perplexos, descobrimos sua imensidão. Quanto tempo é 12 anos de espera? Qual o tamanho da sua solidão?
Logo percebemos que não se pode assistir ao espetáculo, apenas, mesmo porque é difícil de apenas assisti-lo. É preciso vivê-lo (e facilmente o vivemos), olhando o mundo de Luisa de dentro de seu quarto, debruçado em sua provável janela, atrás de sua porta, por onde ela espera há 12 anos que Agustin volte. Esta transição de espectador em participante é muito facilitada pela sutileza de um cenário ímpar, que por se adaptar aos mais diversos ambientes (eu assisti na varanda de uma casa de sítio), não permite que nos sintamos realmente público, fato ainda mais corroborado pela proximidade da atriz com os espectadores (ou coadjuvantes?). Fisicamente próximos, emocionalmente incluídos, sentimos seu amor, sua saudade, suas ilusões, medos, apegos e necessidades. Essencialmente, sua solidão e espera, seu tempo quase parado.
No fundo é um espetáculo triste, mas muitas vezes rimos, e quando rimos nos pegamos um pouco mais tristes, porque podemos perceber que estamos rindo das nossas próprias armas contra a solidão e a espera, que vez ou outra, ou mais que isso, permeia em nossas vidas. Rimos e nos entristecemos porque Luisa nos reflete quanto mais o tempo passa, e lutamos, em vão, para não mudar. Mas a luta de Luisa contra o tempo e para não mudar, ao contrário da nossa, não é vã. Para ela, basta não desmanchar o casaquinho de lã que usava quando Agustin não veio, naquela noite, 12 anos antes. E quando Agustin vem, basta ouvir de sua boca qualquer explicação insana para não ter vindo naquela noite, mesmo que outra vez ele parta. Basta guardar-se nas lembranças tantas do seu amor, do seu pai, da sua mãe, suas ilusões, e seu tempo e seu universo não mais se movem. Basta continuar esperando Agustin, infinitamente. Enquanto que nós, espectadores ou coadjuvantes, mesmo que de maneira um tanto inconsciente, levantamos das nossas cadeiras e sentimos vontade de ir com Agustin, para onde ele for, na ilusão que seu universo seja maior que o dela, repentinamente fugindo de Luisa, e tudo o que ela nos espelha.
Luisa, com Sandra Knoll. Direção de Bárbara Biscaro. Cenário de Roberto Gorgati. Grupo Experimentus teatrais. Adaptação de um texto de Daniel Veronese.
Uma peça a ser sentida.

Mauro Camargo

sábado, 18 de junho de 2011

LUISA

foto: Caio Cesar


Recentemente o espetáculo Luisa ganhou o edital de compra de espetáculos da Fundação Cultural de Itajaí.
Serão 10 apresentações em locais diversos. Em breve teremos as datas confirmadas das 5 primeiras  apresentações!

Abraços